sexta-feira, 9 de outubro de 2009


Parei!
Sigo em frente?
Quanto tempo mais suportarei ou me será permitido ficar?
Contemplo o que pode ser o último momento.
O momento da espera, da resposta que não vem...
Será que fiz a pergunta certa?
Foto tirada pelo meu filho Nicolas

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ao descer a Serra do Rio do Rastro, ouvindo Vitor Ramil, percebi o quanto a vida pode ser

generosa conosco. A sensação de infinitude que o visual lá de cima proporciona e o contato com a estrada, durante a viajem, me levando a entrar no mundo real de novo, mexeu profundamente comigo a ponto de querer subir a serra de novo, e por lá ficar.
À medida que ia descendo, e vendo aqueles paredões verdes ficarem pra trás, me veio uma nostalgia enorme, como se a minha alma ainda estivesse presa naqueles penhascos, canions, cascatas, formações rochosas de Urubici. Relutava em seguir viajem. O calor que começava a sentir, a poluição visual das cidadedizinhas, com sua gente barulhenta e o trânsito pesado, de retorno de feriadão, levou-me a acelerar ainda mais, pois retornar já não podia mais, então que eu chegasse o mais rápido possível, ao meu destino.
Incrível, mas agora me veio à lembrança, um sentimento que me ocupou grande parte da minha vida. Sempre começava o ano, marcando num calendário os dias que iam passando e riscava os dias, as semanas e os meses. E assim, ia fazendo até que o ano acabasse. Não via a hora para que a semana, o mês, enfim, o ano acabasse logo. Incrível não? Mas a sensação era justamente essa, já que não dava pra voltar, então que se fosse o mais rápido possível para que esse sofrimento passasse logo....
Ora, não podia ser diferente, já que quando jovem não me via passando dos 33 anos. Acreditava que assim que chegasse no ano 2000, com a idade de Jesus Cristo, estaria findada minha jornada. Ou o mundo se acabaria, ou apenas, fim!
Bom, os anos se passaram e meu filho nasceu em 2000 (vejam que coincidência)! Morri? Não sei, mas algo mudou...
Agora já não penso assim, não marco mais no calendário os dias que se passam, mas ainda tenho essa sofreguidão de chegar logo lá....
Essa experiência nos Canions, que tive esse ano, indo duas vezes, uma em São José dos Ausentes e outra em Urubici, me marcaram nesse sentido. Outro tempo, outro rítmo na vida e outra visão do mundo (subterrâneo ou das alturas) percebi que era possível ter.
Quando me deparei com esse pôr-do-sol, indicando minha meta, percebi claramente isso. Depois de muitas voltas e reflexões, precisava de um descanso...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Indo ao teu lado, leve, pensativo....


Enfim, inicio esta jornada virtual, para trazer algumas reflexões e vivências desta minha caminhada por estes pagos da Terra. O que teria de tão relevante para dizer? Que fatos ou sentimentos teria para contar às pessoas, na sua grande maioria desconhecidas, que já não teriam sido ditos? Como poderia me expôr assim, sem que isto se tornasse uma demonstração de narcisismo ou de extrema vaidade? Logo eu, com essa típica personalidade introspectiva, por vezes, mau-humorada, distímica...
Foi quando cheguei a conclusão, após ler "A TRÉGUA", de Mário Benedetti, que este Blog serviria quase que como um testamento-diário, onde eu apresentaria os meus "bens pessoais", para serem distribuídos, ainda em vida, e certamente por um tempo bem maior, já que o espaço virtual perdurará por muito mais...
Mas que "bens pessoais" seriam estes? Não esperem que eu aqui anexe o meu Imposto de Renda. Isto não importaria e nem diria quem eu sou.
Mas também não quero tornar esse espaço um "set" terapêutico. Para isso eu tenho o Gélson, grande terapeuta.
Pois será, na sutileza e nas entrelinhas dos meus pobres textos, com este meu parco português, relatando minhas viagens, comentando sobre filmes ou shows; nos arquivos das minhas fotos pessoais (de um amadorismo tamanho) ou nos links que remeterão às músicas, vídeos e outros sites e blogs, que me conhecerão melhor.
Dedico esse espaço ao meu filho, Nicolas, "meu herdeiro". Espero que em alguns anos ele possa discernir melhor, entre tanto lixo emocional que eu deixei, aquilo o que eu realmente quis que ele soubesse: o quanto eu o amo!

domingo, 28 de junho de 2009

Astronauta Lírico

Vitor Ramil

Vou viajar contigo essa noite
Conhecer a cidade magnífica
Velha cidade supernova
Vagando no teu passo sideral

Quero alcançar a cúpula mais alta
Avistar da torre a via-láctea
Sumir ao negro das colunas
Resplandecer em lâmpadas de gás

Eu, astronauta lírico em terra
Indo a teu lado, leve, pensativo
A lua que ao te ver parece grata
Me aceita com a forma de um sorriso
Eu, astronauta lírico em terra
Indo a teu lado, leve, pensativo

Quero perder o medo da poesia
Encontrar a métrica e a lágrima
Onde os caminhos se bifurcam
Flanando na miragem de um jardim

Quero sentir o vento das esquinas
Circulando a calma do meu íntimo
Entre a poeira das palavras
Subir na tua voz em espiral

Eu, astronauta lírico em terra
Indo a teu lado, leve, pensativo
A lua que ao te ver parece grata
Me aceita com a forma de um sorriso
Eu, astronauta lírico em terra
Indo a teu lado, leve, pensativo

Vou viajar contigo essa noite
Inventar a cidade magnífica
Desesperar que o dia nasça
Levado em teu abraço sideral

Eu, astronauta lírico em terra
Indo a teu lado, leve, pensativo.