terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ao descer a Serra do Rio do Rastro, ouvindo Vitor Ramil, percebi o quanto a vida pode ser

generosa conosco. A sensação de infinitude que o visual lá de cima proporciona e o contato com a estrada, durante a viajem, me levando a entrar no mundo real de novo, mexeu profundamente comigo a ponto de querer subir a serra de novo, e por lá ficar.
À medida que ia descendo, e vendo aqueles paredões verdes ficarem pra trás, me veio uma nostalgia enorme, como se a minha alma ainda estivesse presa naqueles penhascos, canions, cascatas, formações rochosas de Urubici. Relutava em seguir viajem. O calor que começava a sentir, a poluição visual das cidadedizinhas, com sua gente barulhenta e o trânsito pesado, de retorno de feriadão, levou-me a acelerar ainda mais, pois retornar já não podia mais, então que eu chegasse o mais rápido possível, ao meu destino.
Incrível, mas agora me veio à lembrança, um sentimento que me ocupou grande parte da minha vida. Sempre começava o ano, marcando num calendário os dias que iam passando e riscava os dias, as semanas e os meses. E assim, ia fazendo até que o ano acabasse. Não via a hora para que a semana, o mês, enfim, o ano acabasse logo. Incrível não? Mas a sensação era justamente essa, já que não dava pra voltar, então que se fosse o mais rápido possível para que esse sofrimento passasse logo....
Ora, não podia ser diferente, já que quando jovem não me via passando dos 33 anos. Acreditava que assim que chegasse no ano 2000, com a idade de Jesus Cristo, estaria findada minha jornada. Ou o mundo se acabaria, ou apenas, fim!
Bom, os anos se passaram e meu filho nasceu em 2000 (vejam que coincidência)! Morri? Não sei, mas algo mudou...
Agora já não penso assim, não marco mais no calendário os dias que se passam, mas ainda tenho essa sofreguidão de chegar logo lá....
Essa experiência nos Canions, que tive esse ano, indo duas vezes, uma em São José dos Ausentes e outra em Urubici, me marcaram nesse sentido. Outro tempo, outro rítmo na vida e outra visão do mundo (subterrâneo ou das alturas) percebi que era possível ter.
Quando me deparei com esse pôr-do-sol, indicando minha meta, percebi claramente isso. Depois de muitas voltas e reflexões, precisava de um descanso...

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